No dia Internacional do Cão não poderia deixar de recordar a Laika (na figura À esquerda, retirada da Wikipedia), uma cadela de rua nascida em 1954 que viria a ser o primeiro animal a completar uma órbita ao planeta Terra em 1957 a bordo da Sputnik 2.
Sobre a Laika não há nada de novo que possa acrescentar. As verdadeiras causas da sua morte foram tornadas públicas em 2002 – sobreaquecimento, possivelmente causado por uma falha técnica que impediu a separação de componentes da nave.
Nos anos seguintes à missão da Laika mais 4 cães viriam a morrer no âmbito do programa espacial soviético, por causas diferentes.
A morte de Laika levou ao surgimento (ou pelo menos fortalecimento) de um debate internacional sobre os direitos dos animais. Aliás, debate que dura até hoje e sobre o qual haverá ainda um longo caminho a fazer. A este respeito Oleg Gazenko, um dos cientistas responsáveis pelo envio da Laika para o espaço, afirmou em 1998:
“Work with animals is a source of suffering to all of us. We treat them like babies who cannot speak. The more time passes, the more I’m sorry about it. We shouldn’t have done it… We did not learn enough from this mission to justify the death of the dog”.
Após a sua órbita a Laika ascendeu ao estatuto de herói nacional de reconhecimento internacional. Não que isso importe muito aos cães, e não me parece que a Laika ficasse impressionada com tal coisa, mas as homenagens sucedem-se até hoje. Foi figura de selos postais, mencionada em filmes, músicas, inspiração para séries televisivas e figura ainda em diversos monumentos como no Monumento aos Conquistadores do Cosmos (Moscovo, 1964) e mais recentemente num monumento erigido em sua homenagem perto do centro de pesquisa militar em Moscovo onde ocorreu o seu treino.
O estatuto de heroína foi reconhecido também por cientistas da NASA que em 2005 atribuíram o seu nome a um pedaço de terreno em Marte aquando da missão Mars Exploration Rover.
Certo é que a Laika permanecerá na nossa memória, muito possivelmente, como a cadela mais famosa do mundo, mas também como ponto de partida para discussões sobre o que a humanidade deve aos animais e sobre os direitos dos mesmos.
Filipe T. Moreira