Efeitos da exposição de bebés a ecrãs

Artigo de Opinião publicado, originalmente, no quinzenário de Ovar “João Semana” (31 de dezembro de 2023)

No seguimento do artigo publicado no último “João Semana”, nesta edição abordo outro estudo. Este foi realizado por investigadores japoneses das universidades de Tohoku e Hamamatsu e teve como objetivo a exposição dos bebés de um ano aos ecrãs dos smartphones/tablets para perceberem que impacte teria no seu desenvolvimento cognitivo

Para a investigação foram seguidas mais de 7000 mães e os respetivos filhos ao longo de quatro anos (entre 2013 e 2017). O objetivo era então avaliar a evolução de cinco parâmetros relativos ao desenvolvimento infantil:

  • desenvolvimento das habilidades de comunicação;
  • resolução de problemas;
  • coordenação motora fina;
  • coordenação motora grossa;
  • habilidades sociais e pessoais.

Para o estudo, os bebés com 1 ano foram organizados em quatro categorias:

  • os expostos a ecrãs menos de uma hora por dia;
    • entre uma e duas horas;
      • entre duas e quatro;
        • e ainda mais tempo.

Posteriormente, compararem o desenvolvimento destes grupos com o padrão médio japonês referente aos 2 e aos 4 anos, através de questionários respondidos pelas mães.

Resumidamente, os resultados mostraram que não houve alterações significativas ao nível da coordenação motora grossa. Por outro lado na coordenação motora fina e nas habilidades pessoais e sociais verificaram-se atrasos apenas aos dois anos na categoria de exposição de quatro horas por dia. Já quanto às capacidades de comunicação e resolução de problemas, notou-se alterações nos dois e nos quatro anos, a partir das duas horas por dia de exposição na comunicação e a partir das quatro horas de exposição na resolução de problemas.

Segundo os investigadores, estes estudos permitem aprofundar o conhecimento sobre o impacte dos ecrãs no desenvolvimento infantil ao longo dos anos. Contudo, também salientam algumas limitações, como a impossibilidade de determinar se as crianças estiveram expostas sozinhas ou acompanhadas por adultos a maior parte do tempo e ainda (acrescento eu) que tipo de tarefas desenvolveram em frente aos ecrãs.

Este estudo ganha importância pela quantidade de crianças analisadas e pelo seu prolongamento no tempo. Isto porque a generalidade dos estudos são menos abrangentes. Todavia, é necessário ter cautela na generalização dos resultados, até porque não temos acesso às atividades realizadas pelas crianças nos ecrãs e a outros dados que podem influenciar o seu desenvolvimento, como os socioeconómicos e culturais. Porém, quando analisámos outros estudos, verifica-se que este período de vida das crianças é fundamental para o seu desenvolvimento daí que o tempo em frente aos ecrãs deverá sempre ser mediado pelos adultos e o seu tempo limitado. Até porque há muito mais vida para além dos ecrãs.

Filipe T. Moreira

Vestígios: a humanidade nas paisagens no IPGfm

O IPGfm de 22 de novembro teve a exposição “Vestígios: a humanidade nas paisagens” em destaque.
Podem ouvir o programa do Instituto Politécnico da Guarda em parceria com a Rádio Altitude em https://open.spotify.com/episode/0qZlx3wcOKOQYM1P58PrHj?si=qqPXPn7JSeu0R5RUD9puDQ&nd=1&dlsi=2e7518031edd42a5&fbclid=IwAR1w8j2kK5c6TkXTURXmWc4E6K4g21uBTP_GJH59tnemWcKudr3b-Ih5QEc

Com especial agradecimento a Hélder Sequeira.

Participação no CIHALP

Na semana passada, por Salamanca, no Congresso Internacional de História, Arte e Literatura no Cinema em Espanhol e em Português – CIHALCEP, onde tive a oportunidade de divulgar um pouco mais do que se tem feito nestes 100 anos do Cinema de Animação Português (1923-2023).

A melhor forma de assinalar esta efeméride com a convicção de que ainda nos falta fazer muito por esta forma de expressão no país.

Todavia, não podemos ignorar que este foi um ano especial para o Cinema de Animação nacional, com muitos prémios para obras portuguesas, o destaque que a curta-metragem “Ice Merchants” teve a nível internacional e o lançamento de trabalhos de qualidade como a longa-metragem “Nayola” de José Miguel Ribeiro ou “Os Demónios do meu Avô” do realizador Nuno Beato.