Coluna no jornal João Semana

A convite do histórico jornal ovarense “João Semana”, iniciei uma coluna dedicada à Educação. Partilho aqui o primeiro texto, publicado a 1 de julho, que foi dedicado à falta global de professores.

Falta de Professores à escala Global

A UNESCO (em português Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) tem vido a alertar ara a falta de professores à escala global. Naturalmente que esta falta se faz sentir mais numas regiões do que noutras. Todavia, num dos artigos mais recentes, a esta Organização das Nações Unidas afirma que em 2030 haverá a falta de 69 milhões de professores, somente para se alcançar o ensino básico universal. Ou seja, nestes valores não está contabilizada a fala de professores para outros níveis de ensino.

As regiões mais afetadas pela falta de professores são, respetivamente, a África Subsaariana e o Sul da Ásia. Salienta-se que nos países com baixos rendimentos, o primeiro obstáculo é a pesada carga de trabalho. De acordo com a UNESCO, cada professor dos primeiros anos de escolaridade nestes países tem uma média de 52 alunos por turma no ensino primário, enquanto a média mundial é de 26. O rácio é particularmente elevado na África Subsariana com 56 alunos por professor e no Sul da Ásia com 38. Na Europa e na América do Norte, o rácio é de apenas 15 alunos por professor, em média, sendo que em Portugal esta média é superior.

A par do número de alunos, outras causas para a falta de atratividade da profissão, nos países mais pobres, são a falta de condições de habitação para os professores deslocados, falta de condições materiais nas escolas, turmas com vários níveis e os baixos salários quando comparados com profissões que exigem formação idêntica.

Diferentes estudos parecem corroborar da ideia de que a falta de professores em países desenvolvidos tem, ainda que em escalas diferentes, as mesmas causas das elencadas para os países mais pobres. Portugal não é exceção. Por exemplo, atualmente estamos a formar cerca de 1500 professores por ano, mas deveríamos estar a formar cerca de 3500 para evitar uma crise da falta de docentes que se prevê vir a sentir com maior intensidade em 2030, estimando-se para esse ano a falta de 50 mil professores (dados de um estudo apoiado pelo Ministério da Educação).

A nível europeu vários países têm tentado medidas para minimizar o problema, mas parece haver uma falta de estratégia conjunta. Algumas medidas têm passado por aumentar o número de alunos por turma, integrar profissionais licenciados sem profissionalização (facto que tem revelado já resultados negativos, nomeadamente em Inglaterra e França). Ou seja, em última análise, a redução da qualidade do ensino.

Considerado a Educação como uma estratégia nacional (ou regional no caso europeu) e da centralidade dos professores em todos os sistemas de ensino, torna-se urgente um plano que vise a melhoria da atratividade da profissão (temos exemplos europeus onde isso acontece e os resultados estão à vista), que deverá ser acompanhada de outras medidas como a redução da burocracia e o reforço da qualidade do ensino a nível geral. Caso contrário, corremos o risco de ter profissionais com maiores níveis de formação, mas substancialmente menos preparados para fazer face às vicissitudes da vida.

Voltaremos, certamente, a este tema em rúbricas próximas.

Filipe T. Moreira
Professor do Ensino Superior Politécnico e Investigador no DigiMedia – Digital Media and Interaction Research Centre da Universidade de Aveiro

Tráfico e exploração de crianças em crescendo (opinião)

(Opinião publicada orginalmente no Diário da Feira, em 21 de janeiro de 2021. Disponível aqui: https://diariodafeira.com/?p=51761)

Apesar da reduzida atenção dada pelos média nacional à temática do tráfico de crianças, esta continua a ser uma realidade à escala global, que infelizmente está em crescendo, e da qual Portugal parece não estar livre.

Como se pode compreender, os valores reais do tráfico humano são difíceis de se obter com precisão e estão constantemente em atualização, à medida que surgem novos dados.  No entanto, basta-nos os números conhecidos para termos uma ideia deste flagelo verdadeiramente assustador. Em menos de uma década este número quase duplicou.

Os dados conhecidos indicam que em 2012 cerca de 20,9 milhões de pessoas foram vítimas de tráfico, ou seja, quase duas vezes a população de Portugal. Desde então, verifica-se um aumento dos números, apontando os mais recentes para cerca de 40,3 milhões de vítimas à escala global.

Mas quem são estes 40,3 milhões de humanos? A esta questão a Organização Internacional do Trabalho (agência da ONU que reúne empregadores, trabalhadores e governos de 187 estados-membros) responde com o seu último relatório e que passarei a apresentar de forma resumida neste artigo.

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Câmara Aberta na RCF

Painel do Câmara Aberta – Filipe T. Moreira, Alferes Pereira e Paulo Sérgio Gonçalves

O ano começou com um novo desafio, o regresso à RCF, rádio onde me estreei como comentador residente em 2013 e onde volto para integrar o painel do “Câmara Aberta” juntamente com o já residente Alferes Pereira e o habitual moderador, Paulo Sérgio Gonçalves.

Neste programa, que passa em direto às sextas-feiras (às 19 horas) e em diferido aos domingos à tarde, todas as semanas, iremos trazer até si o comentário aos principais temas locais e nacionais.

Para ouvir, basta sintonizar em 104.7fm (distrito de Aveiro) ou no website da rádio (https://radioclubedafeira.pt/), pode ainda ver e ouvir na página do Facebook da RCF, onde passa também em direto (https://www.facebook.com/radioclubedafeira104.7/).

O programa desta semana (8 de janeiro) está disponível em ->  https://fb.watch/2UxYlmHLFn/

Até à próxima sexta-feira!