(Originalmente publicado no Centro da Criança em fevereiro de 2020)
A aplicação TikTok é uma rede social criada em 2016 na China (sendo que na China tem o nome de Douyin). Esta rede social tem tido muito sucesso à escala global, não sendo Portugal exceção, conta atualmente com mais de 500 milhões de utilizadores ativos. Esta aplicação permite aos utilizadores criar vídeos curtos de música e lip-sync de 3 a 15 segundos e vídeos curtos de looping de 3 a 60 segundos.
Até aqui tudo bem. O problema é que este aplicativo tem como idade mínima de adesão os 13 anos. Facto que nos leva a ter uma maior atenção nas questões de segurança.
Daí que esta rede social esteja a ser muito comentada desde há uns meses. Os comentários e críticas devem-se, em certa medida a três questões: à guerra comercial entre vários países, nomeadamente entre os EUA e a China e a tentativa de controlo de informação sensível; às constantes guerras comerciais entre os gigantes da tecnologia que lutam entre si pelo mercado apetecível dos adolescentes e crianças; e, por último, por questões de segurança dos utilizadores. Sendo esta última a que mais nos interessa para este contexto.
Assim, importa salientar que a TikTok já esteve temporariamente banida na Indonésia e India por conter vídeos de cariz sexual. Facto que levou a empresa ByteDance (detentora da TikTok) a efetuar alterações nos seus padrões de segurança e a eliminar cerca de 15 milhões de vídeos da plataforma.
Já nos Estados Unidos da América, onde a TikTok se tonou em outubro de 2018 a aplicação mais descarregada (sendo a primeira app chinesa a atingir este sucesso), a empresa detentora da aplicação foi multada em cerca de 5,7 milhões de dólares por recolha de informações de menores de 13 anos em violação da Lei de Proteção da Privacidade Online das Crianças. Facto que levou a alterações na aplicação e ao impedimento de que crianças menores de 13 anos possam fazer upload de vídeos. Todavia, em novembro último a empresa foi acusada de transferir dados pessoais de cidadãos americanos para servidores na China.
Noutros países, como Alemanha e Austrália, têm surgido avisos por parte de diversas instituições que mencionam o facto de esta rede não ter os mesmos padrões de segurança de outras redes, existirem inúmeros relatos de cyberbullying e o facto de a TikTok falhar constantemente na remoção de contas suspeitas e referenciadas. Além disso, esta tem sido descrita como uma rede muito utilizada por pedófilos, pois aqui têm acesso a vídeos de crianças e adolescentes a dançar, a cantar e partilhar os vídeos.
Se tem um adolescente ou um pré-adolescente lá em casa, certamente que ele conhece esta aplicação e é muito provável que a use para ver vídeos, mas também para produzir conteúdo para “alimentar” a plataforma (à semelhança do Instagram). Se já assistiu a danças em frente ao telemóvel, então é muito provável que esteja a gravar uma coreografia para a TikTok.
Assim, os conselhos que lhe posso deixar não passam pela proibição da utilização desta aplicação, até porque os perigos são muito semelhantes aos de outras redes como o Instagram, Snapchat ou até o Youtube. Além disso, todos sabemos os efeitos contrários que a proibição poderá acarretar.
Neste, como noutros casos, deve discutir o assunto abertamente em casa, expondo os perigos, a necessidade de prevenção, deixando sempre a “porta aberta” para que qualquer desconforto (com esta ou outra rede social) lhe seja transmitido.
Pode também visitar o website https://www.internetsegura.pt/ou utilizar esta plataforma para esclarecer mais dúvidas.