(Este texto foi publicado originalmente no blogue do Centro da Criança em dezembro de 2019. Está disponível em: https://www.centrodacrianca.pt/post/robo-ozobot-evo)
Quem se move nas lides da iniciação à programação e robótica nos primeiros anos de escolaridade, certamente já se cruzou em algum momento, com os robôs Ozobot, fabricados pela norte-americana Evollve. Se está a entrar no mundo da iniciação à programação, então este artigo é para si.
A característica que rapidamente sobressai é o tamanho do corpo do robô. O seu diâmetro é pouco maior do que uma moeda de dois euros. No entanto, não se deixem enganar pelas reduzidas dimensões. O tamanho é compensado em horas de diversão.
A primeira experiência que tive com estes “pequenos” foi na Fábrica Centro Ciência Viva de Aveiro, que dinamiza atividades para os mais pequenos com o Ozobot Bit há vários anos. Desde esse momento que me despertou alguma curiosidade.
Estes robôs distinguiam-se dos demais por não serem programados através de computador, dispositivos móveis ou de forma tangível (através de objetos físicos), mas sim através de linhas desenhadas com marcadores. Ou seja, para se programar estes robôs era necessário desenhar o programa (literalmente).
A conjugação das cores preto, vermelho, azul e verde, quando na ordem correta, permitiam programar o robô para girar, alterar a velocidade, alterar o sentido ou, entre outros, mover-se em Z. Tudo isto era possível devido ao sensor localizado na parte inferior do Ozobot com uma excelente capacidade de leitura e que raramente se “deixava enganar” por reflexos ou fraca luminosidade.
Além disso era possível configurar o robô para seguir uma linha. Da experiência que fui tendo, segue mesmo a linha sem se desviar do seu propósito.
Estas características permitiam horas de diversão e de desafios pedagogicamente mais orientados. Todavia, para quem já estava em níveis de programação mais avançada o Ozobot tinha a tendência para perder o interesse ao fim de algumas horas, faltava o passo seguinte.
Foi assim que surgiu o Ozobot Evo e o passo seguinte foi dado. O Evo é ligeiramente maior que as primeiras versões e não foi só o tamanho que aumentou.
Esta versão tem todas as características referidas anteriormente às quais se acrescenta maior velocidade, maior número de leds no corpo do robô e, principalmente, uma app muito intuitiva que permite a programação do Ozobot Evo através, por exemplo, de um telemóvel.
A forma de se programar o Ozobot Evo é similar ao Scratch, ou seja, por arrastamento de blocos de código. Além disto, a aplicação tem jogos, e sugestões de atividades, o que aumenta as possibilidades de exploração deste recurso. Tem ainda uma surpresa adicional, permite seguir objetos ou programar sons.
Relativamente ao preço, pergunta que certamente estará a fazer, pode começar nos 100 euros e ir até perto de 200 euros. Por isso, antes de comprar não custa fazer uma pesquisa rápida online. A verdade é que não há razão aparente para um intervalo de preços tão alargado, sendo o produto o mesmo (fizemos pesquisa de preços apenas em lojas sediadas em Portugal). O kit a que nos referimos traz um Ozobot Evo, cabo USB, 4 marcadores, mapas, cartões de atividades e autocolantes para colocar no corpo do robô. Se preferir o Ozobot Bit (primeira versão) o valor é sensivelmente metade.
O Ozobot Evo está caracterizado, pela marca, para maiores de 9 anos. No entanto, crianças mais novas não têm manifestado dificuldades em controlar este recurso que tem vindo a arrecadar prémios e fãs. Lembre-se que para o programar basta ser capaz de desenhar e não tenha medo de que os mais novos o deixem cair, o corpo do robô é suficientemente resistente para se aguentar às brincadeiras mais duras.
Para terminar, o Ozobot Evo estás entre os meus robôs preferidos, pela sua velocidade, possibilidades de programação, usabilidade e qualidade dos materiais. Quando comparado com outros robôs, o preço pode ser um fator dissuasor, mas a qualidade e potencialidades estão lá. E se é para o seu filho, nada melhor que mostrar um vídeo do robô (há muitos no Youtube) e ver a reação antes de comprar. Se é para os seus alunos, acredite que os limites para exploração enquanto recurso didático são a imaginação, havendo mesmo planos de atividades disponíveis online.
Filipe T. Moreira