Foram passando os anos, treze, desde que a Unidade de Engenharia 3 (UnEng3/FND/UNIFIL) integrou a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL na sua sigla em inglês). Esta era a terceira Força Nacional Destacada (FND) portuguesa a integrar a Força das Nações Unidas presente no território Libanês desde 1978. À UnEng3 seguiram-se mais 8, Portugal teve Unidades de Engenharia no território de 2006 a 2012, num total de 11 que realizaram missões de cerca de 6 meses cada.
Sobre a UnEng3 ainda se pode ler no sítio do então Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas Portuguesas, Aníbal Cavaco Silva:
A Brigada de Intervenção, recorrendo a forças do Regimento de Engenharia 3, (Espinho), organizou e aprontou a Unidade de Engenharia 3 (UnEng3/FND/UNIFIL) para iniciar as suas operações no Líbano a partir de 26 de Novembro de 2007.[1]
Esta missão envolveu 141 militares portugueses, maioritariamente originários do Regimento de Engenharia 3 (Paramos/Espinho), que sob comando do então Tenente Coronel Manuel Rebelo de Carvalho haveriam de assumir funções no terreno a 28 de novembro. O aquartelamento foi no Campo Ubique, em Shama, no Sul do Líbano – à semelhança de todas as UnEng.
Sobre o aquartelamento, pode ler-se no livro “De Espinho para o Líbano, UM ANO AO SERVIÇO DA PAZ” que se tratou de “um quartel modelo sem paralelo nas “bases” que a Forças Nacionais Destacadas têm ou tiveram pelo mundo”. Este livro foi publicado pelo RE3 com vista a divulgar a história, essencialmente através de imagens, do período entre maio de 2007 e novembro de 2008, em que o Regimento de Engenharia N.º 3, esteve intimamente ligado à preparação e emprego de duas forças expedicionárias, as Unidades de Engenharia N.º3 e N.º 4. Quanto ao aquartelamento, garanto-vos que tinha uma extraordinária vista para o Mar Mediterrâneo e para a cidade histórica de Tiro, continuando hoje ao serviço da UNIFIL.
É inegável que ter integrado a UnEng3 foi também ter embarcado numa das maiores aventuras da minha vida, cuja preparação de cerca de seis meses se havia iniciado em maio de 2007. Com 21 anos fazia parte do leque dos militares mais novos que integraram a força militar portuguesa composta por cerca de 14 dezenas de homens e mulheres.
Além de ser, naturalmente, das maiores aventuras da minha vida, foi também um período extremamente rico em aprendizagens, mais precisamente de reconstrução de conceitos como religião, política e guerra. A experiência tornar-me-ia ainda cético a diversas visões veiculadas nos media ocidentais, nomeadamente às referentes ao Médio-Oriente.
Avançado, depois de se experienciar o Líbano, rapidamente se percebe porque é que tantos deuses escolheram aquelas terras para nascer. A confluência civilizacional, a beleza natural e os elementos talvez sejam a explicação para a origem de uma certa humanidade, recheada de virtudes e de defeitos.
Voltando à UnEng3, as tarefas passaram pelo apoio às populações civis, construção e melhoramento de infraestruturas (nomeadamente as da responsabilidade da UNIFIL) e ainda pelo desenvolvimento de diplomacia.
Apesar do edificado construído, permanece a convicção de que ficou mais do Líbano em nós, do que de nós no Líbano. Não só, mas também por isso espero um dia conseguir retribuir…
Com especial abraço aos Camaradas da UnEng3 e aos amigos libanses!
T. Moreira
[1] http://anibalcavacosilva.arquivo.presidencia.pt/comandantesupremo/?idc=338