Sitara: Let Girls Dream

Pari com a irmã mais nova (Sitara: Let Girls Dream, 2020)

Um dos trabalhos que solicitei aos meus alunos de Animação 1 da Licenciatura em Comunicação Multimédia foi que apresentassem uma curta-metragem de animação. Um dos objetivos desta proposta é que através dos pares os alunos ficassem a conhecer artistas, técnicas, estilos e narrativas, no fundo aprofundar a cultura geral sobre a temática.

Recentemente, um dos alunos trouxe-nos a curta Sitara: Let Girls Dream (2020). Esta que é a primeira curta-metragem de animação paquistanesa a chegar à Netflix.

Sitara: Let Grils Dream (Sitara: Sonhando com as Estrelas, em português), apesar de ter arrecadado três prémios no Festival de Animação de Los Angels (Melhor Argumento Produzido, Melhor Música e o Prémio Humanitário), era-me desconhecido. Tecnicamente não é brilhante, mas o objetivo não é nem nunca foi esse. Esta curta lançada, propositadamente, no dia 8 de março de 2020 (Dia Internacional da Mulher) tem como objetivo alertar para as 12 milhões de meninas que todos os anos veem os seus sonhos tornarem-se impossibilidades devido ao casamento.

Sitara foi escrito e realizado pela galardoada cineasta, jornalista e ativista Sharmeen Obaid-Chinoy (paquistanesa). Além da pertinência do tema, este trabalho, que começou a ser produzido em 2012, tem outras particularidades. No decorrer dos anos, a equipa paquistanesa enfrentou múltiplos desafios para criar um filme de animação de alto nível, isto porque no país há pouca educação cinematográfica e, portanto, poucos profissionais de animação e falta de equipamento e software com a qualidade necessários. Tudo foi ultrapassado com persistência, tutoriais do Youtube e ajuda de alguns elementos da Pixar.

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A maior chaminé da Europa

Chaminé de Trbovlje (fotografia retirada da Wikipedia)

A maior chaminé da Europa fica em Trbovlje (Eslovénia) e tem cerca de 360 metros de altura. Esta chaminé construída em 1976 integra o complexo da antiga central elétrica de Trbovlje, nas margens do rio Sava, desativada em 2014. A central elétrica original foi ali instalada em 1915, sendo que na década de 1960 sofreu profundas alterações e modernizações. Esta versão mais recente era composta por duas unidades, uma unidade a vapor e a outra a gás.

Relativamente à chaminé, esta foi construída apenas na década de 70 e é ainda hoje a sétima mais alta do mundo. A detentora do recorde continua a ser a chaminé da central elétrica Ekibastuz no Cazaquistão, construída na década de 1960, tem uns incríveis 419 metros de altura (http://www.gres2.kz/index.php?view=3).

Após a desativação da central elétrica de Trbovlje (em 2014), os escaladores Domen Škofic e Janja Garnbret (considerados os melhores escaladores do mundo) tiveram a ideia de ali criar a mais longa rota de escalada artificial do mundo. No final de 2020 conseguiram realizar esse sonho, contando com o apoio da Red Bull. O processo de criação da rota de escalada culminou com a realização de um pequeno documentário, que pode ser visto aqui: https://www.redbull.com/gb-en/climbing-europes-tallest-chimney-trbovlje-slovenia.

Quando assistirem às imagens da escalada, os fãs de Dragon Ball vão, certamente, lembrar-se da aventura de Son Goku na escalada da torre Korin. Bem, talvez no cimo da chaminé de Trbovlje não haja feijões mágicos, mas a sensação não há de ser muito diferente.

A Revolução Portugueza – O 31 de janeiro (livro de 1912)

Andava em pesquisa sobre o 31 de janeiro de 1891 e acabei por encontrar o livro “A Revolução Portugueza – O 31 de janeiro” de Jorge d’Abreu (1878-1932), publicado em 1912, cuja leitura recomendo. Tratando-se de um livro publicado em 1912 está já “aberto” pelo que está disponível em várias plataformas, deixo aqui o acesso ao mesmo na plataforma do projeto Gutenberg – https://www.gutenberg.org/files/29484/29484-h/29484-h.htm.

O autor (Jorge d’Abreu) foi um jornalista que se identificava com a causa Republicana, podem consultar a página na Wikipedia para saber um pouco mais sobre o mesmo: https://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_de_Abreu. Alem deste livro publicou dois anos antes da sua morte o “Bohemias Jornalisticas”[1].

No entanto, o que me fez avançar com a leitura desta descoberta do acaso foi precisamente a forma como o autor decidiu começar a sua obra. Ou seja, com a referência das palavras que um soldado envolvido na revolta proferiu ao presidente do tribunal de guerra, no ato do julgamento e que aqui transcrevo:

“… Eu, meu senhor, não sei o que é a Republica, mas não póde deixar de ser uma cousa santa. Nunca na egreja sentí um calafrio assim. Perdí a cabeça então, como os outros todos. Todos a perdemos. Atirámos então as barretinas ao ar. Gritámos então todos: —Viva! viva, viva a Republica!…”

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