O Cinema de Animação Português na Université Côte D’Azur

Juntamente com os colegas portugueses e franceses

Na semana passada, juntamente com os colegas Ana Fontainhas e António Figueiredo, ambos da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto (ESECD) do instituto Politécnico da Guarda, estive em mobilidade na Universidade Côte D’Azur (França) onde dinamizamos aulas sobre o Cinema de Animação português.

As aulas tiveram como objetivos principais:

  • Dar a conhecer a História do Cinema de Animação português;
  • Promover os filmes (e autores) de animação portugueses junto do público francês;
  • E promover diferentes festivais de cinema que se realizam em Portugal.

Recorde-se que, em janeiro passado, o Cinema de Animação Português celebrou o seu 100º aniversário. A título de curiosidade, o primeiro filme de animação português foi “O Pesadelo de António Maria”, uma curta-metragem de pouco mais de dois minutos que caricaturou António Maria da Silva, ministro da Primeira República, realizada por Joaquim Guerreiro. Esta curta-metragem perdeu-se no tempo. No entanto, já no século XXI foi possível recriar o filme com a descoberta de 150 desenhos originais.

Capa da apresentação utilizada

Esta mobilidade, cofinanciada através do Erasmus+, visou o reforço de parcerias entre o IPG e a Universidade Côte D’Azur, assim como a divulgação do Cinema de Animação português para os estudantes franceses.

Sitara: Let Girls Dream

Pari com a irmã mais nova (Sitara: Let Girls Dream, 2020)

Um dos trabalhos que solicitei aos meus alunos de Animação 1 da Licenciatura em Comunicação Multimédia foi que apresentassem uma curta-metragem de animação. Um dos objetivos desta proposta é que através dos pares os alunos ficassem a conhecer artistas, técnicas, estilos e narrativas, no fundo aprofundar a cultura geral sobre a temática.

Recentemente, um dos alunos trouxe-nos a curta Sitara: Let Girls Dream (2020). Esta que é a primeira curta-metragem de animação paquistanesa a chegar à Netflix.

Sitara: Let Grils Dream (Sitara: Sonhando com as Estrelas, em português), apesar de ter arrecadado três prémios no Festival de Animação de Los Angels (Melhor Argumento Produzido, Melhor Música e o Prémio Humanitário), era-me desconhecido. Tecnicamente não é brilhante, mas o objetivo não é nem nunca foi esse. Esta curta lançada, propositadamente, no dia 8 de março de 2020 (Dia Internacional da Mulher) tem como objetivo alertar para as 12 milhões de meninas que todos os anos veem os seus sonhos tornarem-se impossibilidades devido ao casamento.

Sitara foi escrito e realizado pela galardoada cineasta, jornalista e ativista Sharmeen Obaid-Chinoy (paquistanesa). Além da pertinência do tema, este trabalho, que começou a ser produzido em 2012, tem outras particularidades. No decorrer dos anos, a equipa paquistanesa enfrentou múltiplos desafios para criar um filme de animação de alto nível, isto porque no país há pouca educação cinematográfica e, portanto, poucos profissionais de animação e falta de equipamento e software com a qualidade necessários. Tudo foi ultrapassado com persistência, tutoriais do Youtube e ajuda de alguns elementos da Pixar.

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