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Alguns apontamentos sobre as aplicações móveis para controle da Covid-19

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Após sucessivos atrasos e um parecer da Comissão de Proteção de Dados com algumas críticas, essencialmente no respeitante à possibilidade do comprometimento da privacidade dos utilizadores, foi finalmente disponibilizada a aplicação portuguesa de rastreio à Covid-19, designada por Stayaway Covid. Esta foi desenvolvida pelo INESC TEC em parceria com o Centro Nacional de Cibersegurança, com Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, a Keyruptive e a Ubiridere.

Embora o mote inicial para este artigo seja a aplicação portuguesa, que tem tido ampla divulgação nos media e nos órgãos institucionais públicos, a reflexão que aqui apresento é mais alargada e tentarei não tomar partido, até porque a aplicação é de uso voluntário. Porém, se esta se tornasse de uso obrigatório, aí, tomaria, evidentemente, uma posição, até porque em certos países onde o uso foi generalizado desde o início da pandemia, os resultados foram contraditórios.

Posto isto, apesar das preocupações com a proteção dos dados pessoais do utilizador serem as mais mediáticas, em teoria poderiam ser ultrapassadas. Isto porque a generalidade destas aplicações funciona de forma descentralizada, em que os dispositivos individuais dos utilizadores comunicam por Bluetooth. Ou seja, o utilizador instala a aplicação no seu telemóvel, cria uma conta e liga o Bluetooth. Assim que este passar por outro utilizador da aplicação, os dois telemóveis comunicam entre si e os dados ficam registados apenas nesses dispositivos móveis. Caso um destes utilizadores seja infetado com o vírus, todos os utilizadores que estiveram próximos deste receberão uma mensagem, aquando da entrada dos seus dados na aplicação.

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Dia Internacional do Cão – A Laika

Laica no Monumento aos Conquistadores do Cosmos (Moscovo)

No dia Internacional do Cão não poderia deixar de recordar a Laika (na figura À esquerda, retirada da Wikipedia), uma cadela de rua nascida em 1954 que viria a ser o primeiro animal a completar uma órbita ao planeta Terra em 1957 a bordo da Sputnik 2.

Sobre a Laika não há nada de novo que possa acrescentar. As verdadeiras causas da sua morte foram tornadas públicas em 2002 – sobreaquecimento, possivelmente causado por uma falha técnica que impediu a separação de componentes da nave.

Nos anos seguintes à missão da Laika mais 4 cães viriam a morrer no âmbito do programa espacial soviético, por causas diferentes.

A morte de Laika levou ao surgimento (ou pelo menos fortalecimento) de um debate internacional sobre os direitos dos animais. Aliás, debate que dura até hoje e sobre o qual haverá ainda um longo caminho a fazer. A este respeito Oleg Gazenko, um dos cientistas responsáveis pelo envio da Laika para o espaço, afirmou em 1998:

“Work with animals is a source of suffering to all of us. We treat them like babies who cannot speak. The more time passes, the more I’m sorry about it. We shouldn’t have done it… We did not learn enough from this mission to justify the death of the dog”.

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PROMOÇÃO DO PENSAMENTO CRÍTICO NOS PRIMEIROS ANOS DE ESCOLARIDADE – PORQUÊ?

Admitindo que “o objetivo primeiro da escola e talvez o mais singular é o de promover o desenvolvimento intelectual dos alunos ensinando-os a pensar, crítica e criativamente, para que aprendam eficazmente a tomar decisões face a problemas que os confrontam” (Valente, 1989, p. 41), torna-se imperioso repensar as metodologias didáticas. Aliando a este facto o da sociedade ocidental de hoje apresentar-se em constante mudança, torna-se impossível ter acesso e dominar todo o conhecimento, ou mesmo realizar uma previsão dos que serão úteis no futuro (Tenreiro-Vieira, 2001). Nesse sentido, urge preparar os alunos “para lidar, nos diferentes contextos profissionais, com as novas exigências da sociedade” (Figueiroa, 2014, p.266), assim como dota-los de ferramentas que, devidamente mobilizadas, possam ajudar a ultrapassar dificuldades que o futuro (inevitavelmente) lhes colocará.

Vieira (2003, parafraseando Tenreiro-Vieira, 2001) refere mesmo que “nunca antes houve tanta necessidade de preparar os alunos para enfrentarem o fluxo dinâmico e imprevisível da desatualização de conhecimentos científicos e técnicos” (p. 7).

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